Essa história é sobre a vida de uma pessoa que transformou de certa maneira a minha maneira de ver a vida, e, é para mim, fonte de admiração e inspiração no que diz respeito ao trabalho de transformação social. É a história de Maria Luiza, acima de ser a história de uma professora, detentora de um conhecimento ancestral importantíssimo, é a história de alguém que vive e age em prol da comunidade, de alguém que escolheu se dedicar à uma vida em comum.

Entretanto, esse filme também começa comigo, diretor. Pela minha relação com saúde e principalmente pela relação com o trabalho social. Em 2011 eu cheguei em Goiás e, nessa mesma época, já participava da feira orgânica que havia atrás da Catedral de Sant’Ana. Nós íamos lá comprar nosso alimento e, logo ao lado, estava a Casa de Agricultura Familiar. Assim, pude conhecer um pouco do trabalho realizado lá. Sabia que havia esse trabalho com a Agricultura Familiar, mas não exatamente o quê.  Este é um espaço onde há produtos produzidos pelas assentamentos rurais da região, há literatura e também produtos fitoterápicos, nutricionais e garrafadas produzidos na própria casa.

 Conheci a Maria Luiza nesse contexto. Logo depois, soube que ela trabalhava com as comunidades, ensinando elas a utilizar as plantas medicinais do cerrado e outras mais, fazendo grupos de estudo de mulheres.  Fui percebendo cada vez mais a importância do trabalho de Maia Luiza, tanto para a população, mas também para a preservação de uma cultura popular, de uma medicina popular, que até pode já estar salvaguardada nos livros, mas se ela não estiver sendo colocada em prática no dia a dia, ela efetivamente está morta.

Ingressei no curso de cinema do Instituto Federal de Goiás e, através desses estudos e muitas atividades práticas, fui melhorando e aprimorando minhas habilidades, até que em 2023 eu escrevo esse projeto no edital da Lei Paulo Gustavo, de 2023, no qual ele foi contemplado, o que permitiu que o documentário fosse produzido de forma mais profissional. A equipe de produção foi composta por profissionais da área, em sua maioria, discentes e egressos do curso de cinema do IFG, Câmpus Cidade de Goiás, de modo a valorizar a produção local.

Para o Roteiro, eu queria me distanciar de um cinema documental cheio de talking heads, de modo a deixar de lado muito material das entrevistas para valorizar mais a personagem, em uma perspectiva mais poética e introspectiva do filme. Para chegar neste resultado, optei por afastar-se da visão do trabalho e focar mais na história pessoal e íntima da protagonista, Maria Luiza.